OS FAMOSOS BILHETINHOS DE JÂNIO QUADROS

Nos quatro anos em que ficou à frente do Palácio dos Campos Elísios, então sede do governo paulista, Jânio Quadros (1917-1992) criou mais de 40 mil bilhetinhos, que foram reunidos numa coletânea por José Pereira, chefe de imprensa do governo.

Os bilhetes que realmente faziam sucesso na imprensa eram aqueles onde o então governador Jânio Quadros exprimia sua ironia. Vejamos alguns deles:

1. Ao tomar conhecimento de que o Juiz de Paz de Apiaí fazia funcionar o cartório apenas uma hora por semana:

“Sr. secretário:

1 - Demitir.

2 - O homem não é do trabalho, mas de paz mesmo.”

(Jânio Quadros)

2. Ao diretor da E.F. Mogiana, que lhe comunicara ser impossível administrar a ferrovia com a verba alocada:

“O sr. está aí não apenas para administrar, mas também para fazer milagres. Reveja as tarifas e corte as despesas, quaisquer que sejam.”

(Jânio Quadros)

3. O prefeito de Itanhaem enviou a Jânio um filhote de onça, dizendo ser o bichinho meigo, mansinho e amigo, “apesar de onça”. A resposta do governador:

“Prefeito:

Muito grato pelo bicho. Vou estudar os pulos que dá...”

(Jânio Quadros)

4. Um jornalista do Norte, em crônica, escreveu que Jânio, pelo que pôde observar, era feio e meio louco. Um bilhetinho não se fez esperar para o cronista:

“Informo ilustre jornalista não ser tão feio quanto pareço nem tão louco quanto devia."

(Jânio Quadros)

5. Foi denunciado na Câmara Municipal que um investigador de Polícia, conhecido pelo apelido de “Elefante”, estaria envolvido em escândalo. O bilhetinho veio assim:

“Casa Militar:

Sindicância em torno da acusação que envolve o Elefante. Rigor com o bicho.”

(Jânio Quadros)

6. Um funcionário público de nome Salim Sadeh, depois de uma série de coisas em que andou envolvido, estranhou não ter sido punido por Jânio, segundo afirmou pela imprensa, em entrevista. O governador não teve dúvidas, mandando este bilhete ao chefe de sua Casa Civil:

“Vamos atender a esse cavalheiro. Instaure-se imediatamente inquérito administrativo.”

(Jânio Quadros)

7. Dirigindo-se ao professor Carvalho Pinto, num processo contendo informações sobre uma operação financeira pela qual o Estado passaria os estúdios da Vera Cruz para um grupo particular, ressarcindo-se o Banco do Estado da importância ali mencionada:

“Professor:

! ! !

$ $ $

? ! ”

(Jânio Quadros)

* * *

Fonte:

"A Vida de Jânio Quadros"

Pesquisa, compilação e organização

Dorival Coutinho da Silva

(Revista e ampliada em 1999)

Dorival Coutinho da Silva
Enviado por Dorival Coutinho da Silva em 27/08/2008
Reeditado em 16/06/2009
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