ANTÔNIO VIEIRA: UM HOMEM DE CORAGEM

_______________________________________________________

Notas Biográficas

 

Imaginem:

Um domingo qualquer.

Uma Igreja lotada.

Senhores de engenho, coronéis e autoridades portuguesas.

Hora do sermão.

Um padre sobe ao púlpito.

Diz:

Os senhores poucos, os escravos muitos;

Os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus;

Os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome;

Os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros;

Os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses;

Os senhores em pé apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos de extrema miséria.

Oh! Deus! Quantas graças devemos a fé que nos deste, porque só ela nos dá o entendimento, para que à vista destas desigualdades, reconhecemos, contudo, vossa justiça e providência!

Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva?

Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo?

Estes corpos não nascem e morrem, como os nossos?

Não respiram com o mesmo ar?

Não os cobre o mesmo céu?

Não os esquenta o mesmo Sol?

Que destino é este que os domina, tão triste, tão inimigo; tão cruel?

Esse Padre chamava-se Antônio Vieira.

Nasceu na primeira década de um século (Lisboa, 1608), e só morreu na última (Bahia, 1697).

Com uma coragem rara fez do púlpito sua tribuna e se tornou o maior Orador Sacro de nossa língua.

Em toda sua vida e em todo o seu tempo não houve, no Brasil e em Portugal, quem a ele, em brilho, fizesse sombra.

Poucos tiveram a faculdade de suscitar tanto ódio e admiração, poucos têm sido tão lidos e analisados.

Entrou nos palácios com a mesma segurança que explorou as selvas. Enfrentou a inquisição. Lutou contra a escravidão dos negros e dos índios num tempo em que a escravatura era encarada como normal e até mesmo necessária. Defendeu a liberdade religiosa numa época de intolerância, em que os suspeitos de professarem a fé não católica, eram condenados pela inquisição.

E, sobretudo, defendeu sonhos.

Por isso tudo, o Padre Antônio Vieira é uma das personagens mais importantes da nossa Literatura, como também, da História do Brasil e de Portugal no século XVII.

O Sermão? Era o Vigésimo Sétimo. ®Sérgio.

Veja Também (clique no link):

Antônio Francisco, O Aleijadinho.  

José de Anchieta: Uma História que Não tem Na História.

________________________________________________

Para copiar este texto: Selecione-o e tecle Ctrl + C.

Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.