Eu III
É impressionante o quanto tento me fazer conhecer e percebo que ninguém me conhece.
Minhas tentativas frustradas de dar um basta em atitudes que me incomodam me fizeram perceber que tentar mudar as pessoas não é fácil. O ser humano prefere contrariar ao perceber que estão tentando lhe mudar.
É assustador a quantidade de mudanças que eu gostaria de fazer. Colocadas em um papel, se fariam um livro. Para quem está de fora seria um livro de piadas. Para quem eu citasse seria um livro de mau gosto. Poderia citar a mim mesma como uma criatura que antes de enfrentar seus medos prefere tentar outros caminhos. Admito que meus medos mais tolos é que me fazem tentar mudar quem está ao meu redor. Ah se eu tivesse uma varinha mágica...
Já magoei pessoas com meus palpites furados. E não adianta porque a maioria pensa que sou louca, paranóica e que nada do que falo faz sentido porque acham que mudanças em outras pessoas não mudaria nada em minha vida. Mudaria...
Tem uma voz em minha cabeça que diz: Debora te liga, você vai morrer tentando, pare com isso e mude você mesma.
E eu digo: Não dá.
E não dá mesmo. Já tentei, mas resgatar minha tolerância e minha paciência há muito tempo perdidas é como me dizer para tirar uma parte de mim só para agradar os outros... Saco... É o que estou tentando fazer com as pessoas.
Se eu posso ajudar alguém a se melhorar. Por que eu não posso tentar? Eu sei. Porque ninguém pediu minha ajuda. E dai. Eu também não peço opinião de ninguém e tem sempre um querendo dar palpite.
Talvez eu devesse ir a um asilo procurar ajuda. Afinal lá é que moram os mais experientes. E já estou visualizando um senhor ou uma senhora com seus tantos anos vividos me dizendo: Debora, talvez você consiga mudar alguém um dia, mas saiba que ficar tentando é a mesma coisa que persistir na tentativa de encostar a língua no nariz.