DORIVAL CAYMMI - * 1914 + 2008

DORIVAL CAYMMI

30-04-1914 + 16-08-2008

Dorival Caymmi era oriundo de italiano com uma baiana, afro-descendente. Nasceu em Salvador, Bahia, a 30 de abril de 1914. Seus pais eram músicos e Caymmi aprendeu com seu pai a tocar violão. Depois estudou sozinho e foi um grande auto-didata. Desde jovem começou a tocar e cantar criando as primeiras composições. Em Salvador, trabalhou em jornal e foi vendedor; entretanto a Música era o seu sonho e o Rio de Janeiro, então Capital Federal, o seu destino. Dirigiu-se ainda jovem para tentar a sorte no Rio. Em sua bagagem a música "O QUE É QUE A BAHIANA TEM" que fez um tremendo sucesso na voz de Carmem Miranda.

Caymmi sempre foi endeusado na Bahia, mas o destino colocaria em sua vida Stella Maris, cantora iniciante, que conheceu nos bastidores das rádios cariocas, com a qual veio a casar-se, provindo daí os filhos Dori, Danilo e Nana Caymmi.

Enquanto esperava minha vez no programa de Flávio Cavalcanti “A GRANDE CHANCE”, na TV Tupy do Rio, conheci os irmãos Caymmi que, segundo me disseram, ainda não conheciam a Bahia, quem sabe, pelo fato da aversão ou ciúmes que sua mãe nutria pela Boa Terra. Perguntaram-me sobre Trio Elétrico e sobre outras coisas da Bahia. Não me pareceram entusiasmados com a terra natal do grande baiano, gênio incontestável - que colocou a Bahia na Broadway, através de Carmem Miranda.

Em salvador, quando Gilberto Gil começou a aparecer na mídia, falava-se que Dorival Caymmi o teria ajudado, bem como a outros baianos a ‘se darem bem’ no rádio e na TV cariocas. Caymmi abria as portas e era por todos amado e respeitado. Comentava-se muito sobre Gil e Nana que teriam vivido juntos durante alguns anos e que tiveram filhos. Ambos evitam falar do assunto, mas tenho que fazer este registro, a bem da verdade.

Em determinada época, o governo da Bahia presenteou uma casa a Dorival Caymmi, entre Ondina e Rio Vermelho, cujo imóvel cheguei a conhecer. Dona Stella Maris não queria vir à Bahia, nem para passear, veranear, nada. Não sei se Caymmi devolveu a casa ao governo baiano ou desfez-se do imóvel por outras vias. O certo é que não veio morar na Bahia como queriam os seus amigos.

Enfim, falar da Bahia e de Dorival Caymmi é quase uma redundância, pois ambos se misturam e se completam. Com aquele jeitão brejeiro, cada música que compunha era um troféu para a Bahia. E a seu tempo, fazia o orgulho da gente baiana, ao lado dos seus ícones mais brilhentes Ruy Barbosa, Castro Alves, Assis Valente, Humberto Porto, Jorge Amado, Cuíca de Santo Amaro e tantos outros que representam o pensamento e a genialidade do povo bom da Terra do Senhor do Bonfim.

Entre suas músicas, dezenas cantam a Bahia, o seu mar azul, a água escura da Lagoa de Abaeté e a areia branca das suas dunas. Em sua homenagem, colocou-se o nome de sua esposa - Stella Maris, num bairro vizinho da famosa ‘lagoa escura/arrodeada de areia branca’, próxima ao Aeroporto Dois de Julho.

MARACANGALHA, SAUDADE DA BAHIA, JOÃO VALENTÃO, COQUEIROS DE ITAPOAN, O MAR, A JANGADA, BAHIA DE SÃO SALVADOR, TIETA, MÃE MENININHA, GABRIELA, MORENA ROSA, MARINA, ROSAS DE ABRIL, entre dezenas de outras composições, marcaram a sua vida artística.

Vítima de câncer renal, Caymmi faleceu em sua casa no bairro de Copacabana no Rio de Janeiro, a 16 de agosto de 2008. Seu corpo foi transportado pelos Bombeiros para a Câmara Municipal do Rio onde foi velado; e seu sepultamento aconteceu no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no mausoléu da família de Carmem Miranda, no dia seguinte, uma vez que seu filho Dori reside nos Estados Unidos e a família aguardou a sua chegada para a cerimônia. Dona Stella Maris, hospitalizada há meses por problemas circulatórios não pode comparecer às exéquias.

A morte de Dorival Caymmi foi muito chorada na Bahia que guarda seu nome no mar da Baía de Todos os Santos, nos velhos canaviais da antiga Usina Aliança, em Maracangalha, em todas as praias, nos bares, na Rampa do Mercado Modelo, na alma dos jangadeiros, no Elevador Lacerda, no Pelourinho, na Igreja do Bonfim, nos Coqueiros de Itapoan e no coração-órfão de todos os baianos!

Até nos estádios de futebol em quase todo o país, observou-se um minuto de silêncio em sua homenagem. Grande Caymmi, que seu grande coração tenha o merecido encontro com a Paz e a serenidade eternas, em Jesus Cristo!

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 18/08/2008
Código do texto: T1134069
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.