OVÍDIO, O POETA DOS AMORES
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Poetas Latinos
“Aqui jaz Nasão, cantor de suaves amores, que pereceu por causa do próprio engenho." (Epitáfio de Ovídio)
Públio Ovídio Naso, poeta romano, frequentemente chamado pelo seu outro nome de Nasão Ovídio, mais conhecido por nós como Ovídio, nasceu em 20 de março do ano 43 a. C. em Sulmo, atual Sulmona, em Abruzos (Itália) e morreu no ano 17 a. C., em Tomos, hoje Kustendje (Constança), na Romênia, para onde foi exilado oito anos antes de morrer, por motivos até agora não totalmente esclarecidos.
Seu pai opôs-se, energicamente, à sua vocação poética, queria que ele estudasse retórica para atuar na área jurídica, mas uma viagem à Grécia com seu amigo Pompeu, também poeta, levou-o a extasiar-se com as associações mitológicas entranhadas na paisagem helênica. Após essa experiência, Ovídio decidiu deixar a breve carreia administrativa e dedicar-se à poesia. Sua primeira recitação ocorreu por volta de 25 a. C., quando tinha dezoito anos. Passou a conviver com poetas como Propércio e o já maduro Horácio (círculo ligado a Caio Mecenas). Não conheceu Virgílio e nem o poeta Tibulo, pois, este, morreu pouco antes de ser-lhe apresentado (dedicou-lhe uma elegia fúnebre).
Ovídio vivia uma vida boêmia, graças a uma renda razoável, trafegava pela noite romana admirado como um grande poeta. Desfrutava da intimidade da família de Augusto e dos seus. Quando seu prestígio chegou ao auge, um decreto com o lacre de Otávio Augusto, imperador de Roma, ordenava seu desterro, sob a acusação de imoralidade, por causa de seus livros A Arte de Amar (Ars Amatoria), autêntico tratado sobre a sedução; Cartas das Heroínas (Epistulae Heroidum), coletânea de supostas cartas que os grandes amantes das lendas gregas trocaram entre si; e Amores (seleção de elegias amorosas em cinco volumes). As Obras formavam três grandes coleções de poesia erótica, considerada imoral. Quando contava com 50 anos Ovídio foi banido de Roma. O exílio lhe causou um profundo desgosto (registrado no seu Tristia, poema escrito no exílio) até o final de sua vida, nove anos depois. Foi nessa época que Ovídio escreveu a sua obra mais famosa: Metamorfoses (Metamorphoses), um poema hexâmetro mitológico. Ovídio influenciou com seus versos, a revitalização da poesia bucólica e mitológica do Renascimento, e, também, autores como Dante, Milton e Shakespeare.
Entre os anos 2 e 8 da era cristã, Ovídio escreveu:
Os Fastos (Fasti), uma coleção de 12 cantos (livros) - dos quais se conservam seis - dedicados cada um deles a um mês do ano, nos quais se comentam as festas romanas e suas origens lendárias.
Metamorfoses (Metamorphoses), poema narrativo em 15 cantos (livros). É uma coleção de lendas, sendo a maioria de origem helênica, em cada uma das quais ocorre alguma metamorfose. Foi composta em versos de seis sílabas (hexâmetro dactílico) métrica comum aos poemas épicos de Homero e Virgílio. Ovídio. As histórias são dispostas em ordem cronológica e cada uma relaciona-se com a precedente, num amplo afresco mítico que abrange desde a criação do mundo até a divinização de Júlio César e termina com uma homenagem a Augusto. Apesar da complexidade do tema, Ovídio dotou os personagens divinos de emoções plenamente humanas.
Medeia, tragédia da qual só restam dois versos.
Suas últimas obras foram as elegias: Tristes (Tristia), uma obra melancólica e comovente, repleta de reflexões e mágoas do exílio. Epístolas do Ponto (Epistulae ex Ponto), na qual faz veementes protestos de inocência.
O poeta aventurou-se a prever nos últimos versos de Metamorfose que seu poema lhe sobreveria e seria lido enquanto o nome de Roma fosse conhecido:
Terminei, enfim, esta obra, que nem a ira de Júpiter, nem o fogo,
Nem o ferro, nem o tempo devorador poderão destruir.
Quando aquele dia, que dispõe apenas do meu corpo, quiser,
Poderá pôr fim ao tempo da minha incerta vida;
Mas com a melhor parte de mim me elevarei imortal
Sobre as estrelas, e o meu nome não perecerá
Em toda parte onde o poder de Roma
Se estende sobre as terras submissas,
Os homens me lerão, e minha fama
Há de viver, por séculos e séculos,
Se valem dos poetas os presságios. ®Sérgio.
Outros Poetas Latinos (clique no link):
Publius Sirus: O Poeta das Máximas.
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Para maiores informações sobre o assunto ver: Antologia da Poesia Universal, seleção de Ari de Mesquita, Tecnoprint S.A., 1988.
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