Minha infância (Autobiografia)

Nascido em Curitiba, sob o signo de leão, filho de Baiano e mineira e com menos de 20 dias de vida já fiz minha primeira viagem, de Curitiba para Assai, com uma distância de 399 quilômetros, pois viajei para ser batizado e meus avós foram meus padrinhos, (deve ser por isso que gosto de viajar).

Não tinha ainda um ano de idade, quando vim morar em Pinhais, onde atualmente moro até hoje na mesma casa, antes meus pais moravam no Alto da Glória em Curitiba.

Tinha mais ou menos nove meses e já começava dar meus primeiros passinhos, minha mãe dizia que tinha cuidar muito de mim, pois eu corria em vez de andar, (acho que é por isso corro bem).

Também ela disse que comecei falar antes de completar um ano, nunca gostei de chupeta e era um neném chorão e medroso.

Quando criança brincava com minha irmã, (temos diferença de 11 messes) ou brincava sozinho, gostava de brincar de correr, carrinho, bola, casinha com minha irmã, dançar, baralho, assistir desenhos, Os trapalhões, O sítio do pica – pau amarelo, (numa televisão preta e branca Telefunken).

Quando ainda não estudava, meu pai trabalhava na Gazeta do Povo de entregador de jornal e eu não via o momento que chegasse o sábado para ele trazer a gazetinha para eu pintar, dava umas brigas com minha irmã, pois ela também gostava, sempre gostei muito de pintar e desenhar, como gosto até hoje.

Como eu comia doce e bebia refrigerante na minha infância, ainda mais que depois que meu pai saiu do serviço dele ele abriu um bar para tocar, primeiro alugado, depois seu próprio na garagem de casa.

Um fato que marcou negativamente minha infância, é que meu pai bebia muito sendo internado duas vezes por causa de bebida, também que discutia muito com minha mãe e batia muito em mim, outra coisa que me prejudicou minha vida, foi que com a idade de cinco a seis anos comecei a ajudar meu pai a cuidar do bar, lógico que ficava muitas vezes por que queria, mas outras por motivo de alguma saída rápida de meu pai, ou de minha mãe, (ajudei ele no bar dessa idade, até os dezoito anos).

Antes de começar a estudar já sabia a escrever meu nome e algumas palavras, estudei o primário numa escola a um quilometro de casa, minha mãe me levou só o primeiro dia para escola, pois eu sempre ia com ela levar minha irmã, que tinha começado um ano antes que eu, fiz a maior da birra quando ela começou a estudar, pois também queria estudar com ela.

Lembro até hoje o primeiro dia de aula, mas não lembro o nome da professora, o fato interessante é que não foi chamado meu nome, não estava na lista de chamada, fiquei numa sala e me apresentei como Marcos, mas depois veio alguém da secretaria dizendo meu novo nome, Maicos que até então minha família pensava que era Marcos, só que tinha sido registrado errado e ninguém percebeu isso, só depois desse fato, contudo permaneceu assim meu nome, porque não quis que o mudasse.

Agora conhecido como Maicos, tive bastante dificuldade na sala de aula, uma pela minha timidez, outra porque a professora era brava, se não fizesse certo a lição ela puxava a orelha, ela vivia puxando minha orelha e como doía, mas o pior era a humilhação que eu passava, também outra coisa que acontecia bastante era aluno querendo bater em mim na saída, (não como hoje em dia que acontece na própria sala).

O que marcou minha primeira série, foi o fato que meu pai bebia demais nessa época e me batia sempre, com isso fui me tornando uma criança revoltada e isso prejudicando meus estudos, quando peguei férias na metade do ano na escola, que era de um mês, a professora tinha deixado bastante lição para fazer em casa, mas que acabado as férias eu não tinha feito, uma que não queria mais estudar por causa da professora e de alguns alunos, e nesse período de volta as aulas fui enrolando meus pais a não ir para aula, não tenho idéia do tempo, se foi uma, duas, ou três semanas que não fui, mas um dia me levaram arrastado até a escola, chegando após o inicio da aula, chamaram a professora para conversar comigo, a primeira coisa que fiz foi morder o braço da professora, com isso sendo suspenso de estudar.

Somente no próximo ano voltei a estudar, minha mãe conversou com a diretora e ela me aceitou novamente, mas que não acontecesse o que aconteceu, senão seria expulso da escola, nesse ano fui um dos melhores alunos da sala, com media final acima de 95 nas matérias, sendo sempre elogiado pela professora Rosilda, que hoje está aposentada e que a vejo sempre.

Minha mãe tinha me prometido um gibi se eu passasse de ano, desse momento em diante sempre gostei de ler, (aliais sempre gostei de ler, antes de saber) tendo chegado a ter uma coleção de mais de 500 gibis, que faz uns dois anos atrás me desfiz, mas atualmente tenho uma estante cheia de livros.

Eu passei muita dificuldade na sala de aula, era muito tímido e também sempre fui pequeno, sendo ameaçado pelos alunos maiores que gostavam de judiar de mim, mas apanhava fora da escola, não era comum nessa época briga na escola, pois tinha uma certa rigidez em relação a isto, também se respeitava os professores, como era humilhante ser chamado à atenção, não suportava isso de jeito nenhum, por isso buscava fazer as coisas certas.

Sempre gostei de jogar futebol, correr, desenhar, ler, passear, graças a Deus aproveitei bastante minha infância, lógico que fiz também travessuras, quase me queimei com álcool uma vez, quase botei fogo na casa, briguei bastante com minha irmã e meu irmão quatro anos mais novo que eu, uma vez minha mãe teve que levar ele às pressas para o hospital para dar ponto, pois tinha derrubado ele e com isso levando um corte próximo à boca.

Na minha infância fui uma criança fechada e mal humorada, brincava muito sozinho, tinha medo de conversar com as pessoas, era nervoso por qualquer coisa, mais apanhava do que batia, mas descontava tudo no meu irmão menor, mas sempre respeitei meus pais.

Por ter trabalhado em um bar desde criança, tive contato com bebidas e cigarro, experimentei bebida, mas nunca viciando, e cigarro fumei uma única vez quando era adolescente, (tenho essa história escrita). Deve ser por isso que detesto bebidas, cigarros e bar, droga nunca usei.

Um fato marcante da minha infância, foi um tio meu, irmão da minha mãe, que bebia bastante na época e minha mãe vivia escondendo a chave do carro dele para que ele não dirigisse bêbado, um domingo a tarde ele me levou para andar de carro, tinha ele tomado um pouco, daí me colocou no banco da frente junto a ele e me deixou pegar no volante, estava me ensinando, e já na minha primeira guiada forcei o volante para o lado da cava, onde caímos com o carro, graças a Deus não foi nada grave, mas teve que pedir reboque de outro carro para tirar o carro da cava.

Outra coisa que não gosto de me lembrar, que quando chegava visita em casa, me escondia, parecia bicho do mato, dava trabalho para me convencerem a sair do quarto onde me trancava. Teve uma vez que minha mãe tinha contratado um fotografo para tirar foto de nos três, eu, minha irmã e meu irmão, me tranquei no quarto e não tinha quem me tirasse, foi difícil a me convencer, o homem já estava decidido a tirar foto apenas dos meus irmãos, mas depois de muita birra minha conseguiram, sempre que vejo as fotos me lembro desse momento em minha vida.

Não gosto de lembrar disto, mas fazer o quê, vou contar. É que tinha vergonha de meninas, tinha umas que gostavam de mim, viviam me paquerando, mas eu fugia e ficava envergonhado e se alguém me falasse de namoro, ficava vermelho. Eu gostava de uma menina, mas nunca consegui dizer para ela que gostava dela, tudo por causa da vergonha que tinha.

Se tiver uma coisa que me prejudicou muito em minha infância, foi minha timidez, fazendo eu perder muitas oportunidades, mas hoje não me culpo por isso, pois consegui superar. Outra coisa que me entristece é que não me restou nenhum amigo de infância infelizmente.

Desde pequeno fui ensinado a rezar, sempre rezei após acordar e antes de dormir, mesmo indo às vezes a igreja, porque minha mãe ia pouco na missa, também não fiz catequese quando era criança, mas fui incentivado a fazer, porém não quis de jeito nenhum.

Para quem ler isso uma coisa eu digo, se você quiser mudar algo em si mesmo, batalhe bastante e jamais desista, porque nada é impossível para quem deseja alcançar um objetivo, ou mudar algo que o incomoda, mas nunca esqueça de orar.

Para escrever essa autobiografia de minha infância, consultei minha querida mãe e minha memória que dificilmente me deixa na mão quando dela preciso.

30-06-2008

Maico Oliveira
Enviado por Maico Oliveira em 30/06/2008
Código do texto: T1059101
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