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Fui convidado
certo dia
pelos gregos do mundo antigo
a escalar
um alto cume da percepção ocular
onde o tempo e espaço extintos
conduziram-me à uma festa povoada de seres distintos
 
suas faces eram em si obras
não estavam ali apenas corpos e esqueletos
ou dobras
mas tão somente milhões de sentimentos
dançando conforme o ritmo dos ventos
cada qual com seus corações e amuletos
 
a noite sorridente com seus dentes brilhantes
iluminava toda a terra de cores cintilantes
colorindo as palavras que rodeavam as mentes dos falantes
fazendo ebulir de suas gargantas lindas rosas embriagantes.
 
tomado então por uma estridente exaltação
vinda da avassaladora exalação
que perfumava a minha alma com uma borbulhante sensação
roguei em forma de canção
a Dionísio até a manhã se apresentar com toda sua imensidão:
 
-fazei de mim o vinho da vossa adega
vestido na pele de um profeta em partida
ao encontro daquele estômago que alega
a falta de substâncias para curar sua ferida
 
torne minhas entranhas suas
ao invés de uma precisarei de 2 luas
adornadas com o calor materno das Híades
menos distantes 
e sacralizadas pelas mutações das eternidades
 
inunda-me de êxtases
afogue-me no mais profundo oceano
lavando as idéias ressecadas do insano
juramento arraigado em meus punhos inúmeras vezes
 
do governo de Hades
tu me resgataste
na solidão dos pântanos Epimeteicos
me lembrastes da existência de outras cidades
além dos becos
 
e para elas marcharei triunfante
anunciando a tua boa nova
embaixo do sol e da névoa
acima do ar e do clima abafante