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Perfil

Pedro de Freitas, ou Pedro de Frey. Piero dei Francescani. Poeta do Futuro. PdF. Poeta bissexto, assimétrico, e um eterno aprendiz do soneto, daí o porque do meu cognome: eu serei sempre um poeta do futuro – mas sem futuro. Assim como se lê numa plaqueta de bar: "Fiado, só amanhã", meu perfil pode igualmente se resumir a: "Poeta, só no futuro" – se não chover, é claro.

Na Capadócia, chamam-me de Poeta do Passado, e eu não desgosto. Pedro do Presente, ou Pedra do Passado, os epítetos acabam se tornando tijolos com que eu erijo o muro de fundos da minha tapera poética, em meio a touças de capim-gordura onde dormem maruins entremeados a uma flora cibernética. Tapera que, segundo a meteorologia recantílica, não vai durar muito...
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Pois é, a vida é mesmo um cristal duro e multifacetado, um cristal que, além de quadrado, se nos apresenta como esférico, às vêzes. No entanto, cristal assim dissolve-se, e da melhor maneira, na circunferência de uma taça de vinho tinto, numa mesa de bar. E como já dizia um outro pau-d'água...
"É preciso estar sempre embriagado. Eis aí tudo: é a única questão. Para não
sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para
o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos.
E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício,
na solidão morna do vosso quarto, vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou
desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo
que foge, a tudo que geme, a tudo que anda, a tudo que canta, a tudo que fala,
perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio,
responder-vos-ão:

'É hora de embriagar-vos! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo,
embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa
maneira'."


Carlos Baudelaire

 
"Minha ausência preenche uma lacuna."