Todos nascemos com aptidões por determinadas áreas e atividades.
Podemos fazer outras coisas, até com sucesso.
Entretanto, penso que neste caso, nunca iremos realizar-nos plenamente.
Algumas vocações são especiais, entre elas as Artes.
Quem nasce com aptidão para elas, pode ter alguma dificuldade em encontrar a sua própria arte, mas não tem dúvida alguma que nasceu para criar.
Quem demora a fazê-lo, sente a pressão dos elementos de sua arte: incomodando, desejando serem criadas.
Particularmente em Literatura – Contos, o indivíduo tenta libertar-se, mas é inútil. Está fisgado para sempre.
As letras, que individualmente são frágeis e desprovidas de sentido, ganham imensa força ao se gruparem em palavras.
Caso não as digam, te sufocam a garganta ao extremo, até serem libertadas.
Qualidade? Diferença análoga entre às pérolas cultivadas e as verdadeiras.
Às vezes, a diferença é mínima, um “fio de cabelo” separa o criativo do ridículo.
Mesmo com pouca prática, o apreciador pode observar claramente que em todos bons trabalhos artísticos, independentemente da crítica, às vezes tendenciosa, acabam por retratar com fidelidade os sentimentos humanos.
Uma expressão numa determinada pintura, uma mensagem submilinar num conto, são exemplos de diferenciadores.
Um bom trabalho consegue emocionar sempre o apreciador, pois ele lá no fundo sabe o quanto já se sentiu, pensou, agiu também, daquela maneira.
Caso não amasse escrever contos, ainda o faria, pois não consigo viver sem expulsar as minhas palavras, mesmo que não tenham alcance.
Realizo-me retratando os sentimentos humanos.
Assim penso que sou.
A todos os escritores, que tornam a vida mais alegre e interessante.
Gostaria de referenciar o Grande Anton Tchekhov, pai dos Contos curtos, que nos ensina até hoje, via o seu farto legado, como tudo pode brevemente ser retratado, através de seu magnífico poder de síntese.