João é todo de povo
Anônimos de tantos que são
E vou sendo um deles
Sentindo-me descrito neles
Principalmente
Quando deles nada falam
Manoel,
Avós que voam abstratos
mortos
Um de chifre de boi
Na dor vinda de fora para dentro
E o outro na dor de dentro
Na dor do peito
De morrer aos poucos
E de peito aberto
Vou sendo Manoel também
E Lourenço materno
Vindo do chão
Fazenda e terra
Cortada de rio
Água e terra
Barro
Tijolo
Me assento
E começo a me erguer
Paredes de se conter
E o Pereira do pai
da feira
Peneira as frases
farinha
E tudo voa
Do nordeste ao sul
Do que escrevo
Descido de navio e rio
Ponho-me a cantar
Esses nomes todos.
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