Tenho uma compulsão secreta por escrever. Mas já virou câncer, cresceu tanto que cheguei aos limites dos meus golpes. É um silêncio absurdo, abusivo, incestuoso este que carrego. A escrita produz um antegosto estável, puro catatonismo dado a folha riscada. Sem testemunhas, ela é fixada em paredes públicas. E se hesitam, é apenas um extravio pleno, uma revolta murmurada e abdicada de lugar fixo. Devo ter algum papel importante guardado em alguma gaveta antiga. Já deve estar gasto pelo tempo, com a tinta tão seca que se fundiu quase fazendo parte do papel. Não sei por que me imiscuí nessa compulsão. Em algum momento, cedi completamente à criação – abandonei a vida.
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