Meu perfil é muito bem definido pelo poeta gaúcho João de Almeida Neto em uma das suas obras de arte, intitulada "As razões do Boca Braba", um clássico do cancioneiro tradicionalista gaúcho.

Tem gente que não entende
que o macho quando é bem macho
nem que o mundo venha abaixo
não dispara e não se rende
essa é a gente que se ofende
com o meu ar de liberdade
e por inveja e maldade
das suas mentes macabras
batizam de Boca Braba
quem tem personalidade

Me chamam de Boca Braba
não sabem me analizar
de gênio eu sou uma cachaça
mas de alma um guaraná
só não me pela com a unha
quem pretende me pelar
e depois que eu fico brabo
não adianta me adular

Eu sei que é em mim que deságua
quase que cento por cento
de todo o ressentimento
dessa gente que tem mágoa
é porque eu não bebo água
nas orelhas dessa gente
que adoram mostrar os dentes
e por não terem fé no taco
vivem grudados no saco
dos políticos influentes

Me chamam de Boca Braba
mas eu nem brabo não fico
não desfaço quem é pobre
nem bajulo quem é rico
quando eu gosto eu elogio
quando eu não gosto eu critico
e onde tem galo cantando
eu vou lá e quebro-lhe o bico

O meu jeito, ah o meu jeito
conforme já tinham dito
prá uns é muito bonito
prá outros é o meu defeito
mas talvez seja o meu jeito
que me troque de invernada
cada um tem sua estrada
seu lugar, seu parador
a abelha gosta da flor
a sarna da cachorrada

Me chamam de Boca Braba
essa gente tá enganada
eu tenho é boca de homem
e tenho opinião formada
sei qual é a boca que explora
sei qual é a boca explorada
e é melhor ser Boca Braba
que não ter boca prá nada