PANDORA
Deveria notar apenas o broto, o verde em folha, mas o amarelo-flor se apossa do verde (sei que nunca deveria usar este verbo, o utilizo sem culpa quando há palidez aflora sem medo). Confundo-me com o avesso, o castigo é a mortal curiosidade.
Queria não ver as nervuras, não ser seiva tendo em vista o suco. Quisera não ser tão celular (por que o pensamento é heliotrópico?) talvez a necessidade de verbalizar seja maior fortalecendo um novo cantar.
Talvez exista em momento de entropia, real... de arrepiar, talvez um girassol brilhe quando não se entrega ao definhar.
Queria não procurar “dormideiras” o tempo é tão curto entre um oscilar e o outro quando a ansiedade não encontra o prumo.
Quisera não sentir o toque das folhas nas narinas
são como os ruídos das ondas levantando
- marejada –
Eu não deveria arrancar a folha do arbusto, não, eu não deveria... vê-la correr solta por aí. Por que?
Instante de rio que nunca vi que insisto em imaginar.
Se a correnteza está cheia prá lá do nível quatro,
posso sempre contornar as pedras
sem me prender como as algas na água doce
sem procurar desenhar dentes nas folhas
nem sempre um movimento obsessivo
controla o voar...
[a fobia corre a veia indignada nos instantes que se encontra com pessoas que afirmam a existência do “ser normal”]
Sou Ave sem asas, acho que nunca alcançarei a métrica, mas se angústia é brilhante! O paraíso não está perdido.
Não sei por que o soneto é navalha?! Se você só pode se respeitar sendo o que é.
Não sei como a memória seleciona e retém tantas coisas... sonhos timbres conchas... quinquilharias
Abro acordes em silêncio, que não sei como explicar para onde vão tantos vãos, por que vem? e logo se esvaem...
Existem certos momentos que os peixes necessitam dormir no colo das águas tranquilas.
Rosangela_Aliberti
São Paulo, 08.II.08
Foto angelalib – 08
Tarde de Folia Bibitantã
com o Bloco do CAPS
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Sugestão de vídeo:
Museu da Loucura- Barbacena MG
http://br.youtube.com/watch?v=-2O0WlW5pFc