Telegrama falado

Publicado por: Rosangela Aliberti
Data: 14/12/2007

Créditos

na voz da autora.


Para os Fantasmas

I

Credo! Esp(ê)to
levo o prego
carrego um fardo
o lodo e o ledo engano
sem receio
em meu plano
a morte
é um fato consumado
futuro, passageiro...

Horror de parto atravessado
misteriosamente humano
mi-se-ra-vel-men-te humano
as letras no trem
sacodem em um bole-bole
cataléptico
com a paisagem
a chave
os documentos
a identidade
permanecem presas
no fundo do espelho

Na caída de mais um pôr-do-sol
alheia aos tiros
o presente indicativo
nesta viagem
de tela cinematográfica
panorâmica
tem necessidade de não construir
nenhum soneto.

Arisca sem desespero
nos nós do escuro do século passado
são teias mortas
em um casarão bem-assombrado
por Franciscanos

A marionete
com os fios de nylon
tem Ódio da maldade
a jóia
não sente inveja
dos sonhos de Felicidade alheios...

Por isso vivo bem
Por isso eu vivo bem
Por isso eu vivo o Bem
Por isso VIVO O BEM.

Esp(é)to o credo
prego o medo
no esconderijo da palavra
revirando lá fora
a náusea
onde repousa
o pouso das asas
das aves
nas naus sem ares
esquizofrênicos.

II

(De onde veio “tudo” isto?
não risco
rabisco sei lás...

Sei lá?!
só sei, que escrevi
só sei que nada sei...
só sei que...
quando não escrever
morri
e não quero que um lado do meu eu
ateu
nada_dor – morra tão cedo
- no aqui jaz
sempre haverá
algum outro ser
meio louco
a me acompanhar...).

Rosangela_Aliberti
São Paulo, 14.XII.07

Foto Alex Kawazaki

 

Rosangela Aliberti
Enviado por Rosangela Aliberti em 14/12/2007
Reeditado em 15/12/2007
Código do texto: T778508