O desejo é como um torpor que levando à ânsia,
Mantém na mais cruel inércia aquele que o possui.
Os que interrogam ao desejo sobre suas nascentes,
Perdem-se nas reticências inércias de seu entorpecimento mental.
Desejas, pois, com veemência,
Saberes por que tão carregados de tal impulso arrebatador
Sois capazes de estar.
E descobrindo-se ao avesso, entre as instâncias da incerteza,
Serás capaz de mobilizar o estático e saciar-se
No esplêndido desconhecido de teu ser.
E lerás...
Nas entrelinhas de teu desejo, uma tênue indução
às mais inquietantes indagações de tua alma.
E buscará o desejo, não tão somente a quê deseje,
O ato em si,
Não um objeto qualquer que suponhas ter-lhe força de motivação.
Flamejando no auge de uma inquietação inigualável,
Serás capaz de sorrir nas manhãs cinzentas e frias,
E até mesmo em meio as noites de solidão.
E findar-se-á numa via de mão única que não lhe caberá saber,
Se parte de teu peito rumo à alma,
Ou desta, até chegar-lhe ao coração.