Um novo segundo hoje explodiu no céu!
No coração do menino um clarão se acendeu...
O homem, com a esposa, da calçada gritava: - Feliz Ano Novo! Feliz Ano Novo!!
Ouviu-se de longe um tintilar de esperança.
Viu-se a areia sobrecarregada de pés brancos, pretos, amarelos, grandes, pequenos...
Numa quase democrática felicidade!
A mulher abraçou o pai...
Um velho abriu um sorriso de saudade...
E a menina ...
Ah a menina...
Como dançava...
Um novo segundo explodiu no céu!!
E bem longe dali alguém viu uma sombra que lagrimava...
Um rato se escondeu assustado!
Um estalo!
Um novo segundo explodia no céu!!!
Era a Vida...
Linda, enfiada num vestido branco, longo de finas rendas, derramando confiança...
"Que linda é a vida..." Dizia um poeta...
Quem nunca se perdeu por ela?
Dona de si, dona dela, dona sua, dona minha!
Mais um segundo explodia no céu!!!
Ao longe vozes surdas coloriam o horizonte...
E vida sentou-se delicadamente,
Pousou,
Assenhorou-se...
Com fiança no tempo!
Pôs-se a fiar...
Fiava silenciosamente...
Silenciosa...
Mente...
Nem mais um segundo no céu se atreveria a explodir.
Ninguém mais percebia a explosão do dia...
A vida fiando...
Com fiança!
Silenciosa...
Mente...
Crescera o menino...
Desaparecera o homem no mundo...
O abraço ficara no tempo...
A lembrança, já sem asas, lançou-se num voo em queda livre!
E a dança emoldurou-se num cartaz cinza de um teatro...
A vida, silenciosamente, fiou mais um, mais dois, mais três, mais quatro...
Silenciosamente,
Silenciosa,
Mente!
Silenciosamente,
Silenciosa..
Mente...