[Minha mãe, ao explicar nosso endereço: “O meu chalé amarelo? Fica na Avenida Minas Gerais, 1122; em frente ao portão do Parque, viu?”]
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Na imensidão da Avenida Minas Gerais,
açoitado pela ventania de agosto,
um pequeno chalé amarelo.
Ao lado do chalé singular,
um pezinho de guiné,
sentinela contra olhos ruins.
Na frente, no vértice da casa
e ao lado do pé de guiné,
uma pedra de olhar o mundo.
Sentado nessa pedra de escapes,
e olhando o sangue que escorre
do dedo cortado e some na terra,
um menino seca as lágrimas ao vento,
e sonha distâncias... sonha um futuro
além da Avenida, além do chalé.
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[Penas do Desterro, 20 de agosto de 1998]