Como a minha noite chegará,
Não sei...
Só sei que a ela o dia me levará,
E no seu silêncio me entregarei...
E neste amanhecer domingueiro,
Talvez atravessarei o dia inteiro,
como um monge em seu mosteiro,
Pensando nela, como quem está no estrangeiro.
Ah! O meu coração em desassossêgo,
Manhoso e cancioneiro,
Faz da saudade seu apego,
Como distante um marinheiro.
Então aqui, nesta manhã,
diante de toda e qualquer resposta,
Sinto o vento que traz o cheiro da maçã,
Como algém esperando atrás da porta.
- Como então minha noite chegará?
Como então ela terminará!
Se distante meu amor talvez em pense em mim,
Como eu penso nela, assim!
E se por acaso, em mim pensar,
e ao som do seu silêncio se lembrar,
Uma lágrima de saudade há de rolar,
E os seus lábios secos há de molhar.
Aqui...! Mesmo que distante ela possa estar...
'Velo como quem vela um sono...
Antes mesmo dela acordar,
longe do meu abandono.
Ai, eu me pergunto inquieto,
- Será que ela está a pensar em mim!
Como eu, neste meu pensamento certo,
como eu penso nela, assim.
Então a saudade me toca...
Com as mãos da brisa que chega,
Por certo, meu peito sufoca,
E em nó, minha garganta se pega.
- Onde estará o meu amor?
Por onde ela andará!
Estaria ela como uma flor!
Será...será...será...!
Longe da minha cama, eum bem sei...
Mas talvez, ainda, assim, quero nela pensar,
Uma flor em seu lugar eu reservei,
Como se ela pudesse aqui estar.
E se lá, a voz do silêncio soprar,
Levado pela leveza da brisa,
Serena, sua face vai acariciar,
na paz do amor da qual ela precisa.
E assim, nesta poesia que minha alma inflama,
Fico impaciente a me perguntar!
Se agora, lá, na sua aconchegante cama!
Esta silenciosa saudade dela, vai chegar.