Como um peão lacei meus sonhos,
Cavalguei minhas estradas,
Resisti no lombo das vidas,
As minhas saudades roubadas.
peguei as rédeas estendidas,
descuidado, bati com a cara no chão,
Nas quedas das minhas lidas.
Como peão vesti o colete da alegria,
As botas da tristeza,
E as ilusórias fantasias...!
Como peão perdi minhas corridas,
No pulo do cavalo fiz minhas lágrimas,
No chifre do touro as minha feridas,
Deixei nos ginetes das arenas,
Minhas tantas alegrias,
E nas selas dos burros bravos,
As minhas poesias...
Deixei nas porteiras das estradas,
Nas janelas debruçadas,
Os amores de minha vida,
Acenando sozinhas,
Minhas tantas partidas.
Como peão chorei minha solidão,
Nas tantas encruzilhadas,
deixei meu coração,
Nas lamacentas estradas,
E nas poeiras dos caminhos,
Eu e minha tralha sozinhos,
Seguindo o destino dos sonhos,
Em tantos abandonos,
De corações desalmados...
Como peão bem treinado,
Tive minhas conquistas,
Minhas tantas vitórias,
que hoje nas tantas visitas,
que a saudade me faz chorado,
Carrego minhas musas,
Doce mulheres intrusas,
Que roubaram de mim tanto amor,
Que assim como na beira das estradas,
Tanta dor...
Em flores murchas,
Que não tem mais cor.
Nas tantas noites frias,
Nas solidões dos meus dias,
A viola são minhas poesias,
Cantadas nos "pegas ' da vida.
E nas arenas de rodeios,
dos corações abundantes,
De amor e anseios,
Viajantes,
Fez-me tais peões errantes.
Ah! Que nos laços dos meus olhares,
Tantas louras, morenas e mulatas,
Nos seus braços e seus paladares,
Os beijos de amor a saudade maltrata.
E nas minhas andanças,
Nas camas que me deitei,
Muito amor eu fiz,
Tantos amores eu chorei.
Nos rodeios das minhas vontades,
Tantantas lembranças,
Loucas saudades,
Nas minhas tantas memórias.
E como peão cantador,
Fiz dos meus laços o amor,
Como na poesia que te ganhei,
Na poesia me rendi,
Na poesia me desencantei,
Na poesia te perdi.
Assim, a saudade morre com o tempo lento,
Com o tempo morre o coração,
E tudo que se ganha vai com o vento,
Só o vento traz a saudade no coração do peão.