Reticências

Reticências

Oi, agora eu to bem, acho que em algum momento as coisas começaram a mudar, acho que passou, acho que não sei o que dizer, é estranho te ver por aqui, depois de tanto tempo, depois de tanto não querer, eu ainda te quero bem, mas não mais aqui, aprendi a viver, ou a esquecer, na verdade a gente nunca esquece, acho que a gente cresce, é eu cresci, não sei se é bom, gostava de quando era criança, gostava daquela bagunça que a gente fazia, demorei pra arrumar sabia? Não pelo tamanho da bagunça mas porque gostava de sentar na cadeira e ver o quanto cada coisa fora do lugar representava, até que vi minha vida fora do lugar... Tive que mudar tudo, joguei uns móveis fora, reorganizei, meu quarto já não é mais ali, acho que fiz isso para que você quando olhasse não reconhecesse, acho que ficou melhor, ao menos ta arrumado, as vezes bagunça, mas não consigo mais manter bagunçado, então tenho arrumado quase todo dia... E pensar que eu ficava esperando você vir bagunçar toda semana (é engraçado, eu sei), é eu fui mudando, não me surpreenderia se você quisesse me conhecer de novo, tem tanto de mim que você nem sabe, eu já não uso mais pontos finais, eu já não sei do final, na verdade eu nem sei do agora, nem sei de mim, olho pra você, o tempo que passa, o que já passou, a casa do jeito que está, a vontade que as vezes dá de bagunçar, aí levanto, pego a vassoura, a pá, mudo uns móveis de lugar de novo, é uma hora fica do jeito que eu quero, uma hora, é tarde eu sei...

Paulo Victor Ribeiro
Enviado por Paulo Victor Ribeiro em 02/03/2014
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