Pelo meu corpo escorre,
A seiva que da vida brota,
E o prazer da vida me socorre,
No prazer da chuva que no meu corpo aporta.
Olho a chuva que não está nem aí,
Nem se importa com a minha saudade dela,
Ri de mim, debocha, me faz ficar aqui,
Prostrado e inquieto na minha janela.
Fecho os olhos e me pergunto,
Se a chuva não pode trazer-me ela,
Trocar esta saudade que chega junto,
Pelo calor dos braços dela.
E a chuva nem se importa, ironiza,
Bate á janela, ainda, mais forte,
E a minha saudade ameniza,
Meu peito suspira é minha sorte.
Olho a chuva que desliza la fora,
Fazendo bela as pétalas de uma rosa,
Mas, a saudade não vai embora,
Insistente ela é poderosa.
Todo dia, toda hora ela me invade,
E eu até gosto dela,
É sinal de que, de quem tenho saudade,
Mora em mim e eu moro nela.
Fecho os olhos e o seu corpo tomo,
Nele deslizo feito a chuva que cai,
O meu corpo o corpo dela retomo,
Enquanto o meu corpo fica o corpo dela vai.
Saudade de você olhos celeste,
Que por ora se encaixa como uma luva,
Hoje é apenas uma saudade que me veste,
E que faz a comunhão entre eu, ela e a chuva.