Cai a tarde,
Assim, desse jeito,
E chuva abençoada invade,
A janela aberta do meu peito.
Inunda e afoga as minhas mágoas,
Transborda nos olhos como as saudades,
Faz em meu corpo lagoas,
Das chuvas de tantas vontades.
Cai a tarde molhada...
Banhada na chuva que havia tanto não via...
Que pela janela sinto uma sensação gelada,
Como a ansiedade de um bem querer em poesia.
Cai a tarde serena e bela...
Onde a chuva faz um sonido silencioso,
E a brisa que entra pela janela,
Acaricia-me como um beijo fogoso.
Um beijo que vem de tão distante,
E eu por certo nem sei...
Se é um beijo de saudade de uma amante,
Ou um beijo de alguém que eu não beijei.
E assim cai a tarde aqui em mim...
Depois de um tanto atarefado dia,
Que num repouso nas entrelinhas assim,
Desapego-me de tudo e faz chover na poesia.
Ah! De onde tu estiveres, por fim,
Talvez pensas que eu penso em ti,
Não sei, só sei que tem sido assim,
Tu pensas ai e eu penso aqui....
Posso estar enganado...
Somente eu estou pensando em ti,
Mas, não importa, vale também o meu lado,
Mas quero que saibas que em pensamento estou ai.
E se náo me chamas...
e nem ouço tocar o telefone,
Nem importaria se a chuva que la fora derrama,
Não viesse com a saudade que chama ao interfone.
Cai então a tarde sonora...
Com a chuva que banha a vida lá fora...
Sem querer inunda minha alma agora,
Na saudade que por hora insiste em não ir embora.