Moça,
Sou passarinho triste no galho de uma roseira,
Que gorjeia a alegria o mais que eu possa,
Para fazer tristeza passageira.
Moça...
O que posso lhe dizer,
No frescor desta briza que minha tez roça,
Nesta manhã de um dia qualquer.
Moça....
Se eu me abrir talvez chore,
Pois quando me abro me faço em poça,
De chuva em olhos nem que a alegria implore.
Moça...
Eu tenho mil palavras pra lhe dizer,
Te contar minha alma que me dá força,
Para viver e amar de tanto querer.
Moça, eu não tenho viola,
Nem sei cantar minh'alma triste,
Só tenho a poesia como esmola,
(e me consola)
Para alimentar o amor que em mim existe.
Moça, na naus que me acorrento,
Me exilo no meu próprio Eu,
Não tenho riquezas, mas, tanto sentimento,
De amor profundo que meu Deus me deu.
E se o meu amor não lhe bastar,
Se os meus cuidados não lhe interessar,
Moça eu vou-me embora sem poder lhe amar,
Porque só tenho a poesia pra poder lhe dar.
E como um poeta,
De amor profundo,
Tenho tanto que tanto me faz festa,
Na alma deste trovador de desejar fecundo.
Moça...
Se me amares como quero lhe amar,
Minh'alma tanto querer esboça,
Que posso então, de corpo e alma lhe entregar.