Tu me olhas assim,
Com esse teu olhar de vagalume,
E no olhar dentro de mim,
Há um outro olhar de queixume.
Tu me olhas ao âmago,
No ventre que eu não tenho,
Nó útero do vazio amargo,
Que a alma nem faz empenho.
Deixa correr frouxo e ir embora,
Como se nem com ela fosse,
E solta o olhar de dentro para fora,
Como quem expele dos olhos desejos de posse.
E então tu olhas pra mim...
Com esse olhar de quero mais...
E eu, num olhar de alma assim,
Te olho profundamente com meus ais.
Ah! Como vejo tua alma ai dentro escondida...,
Pela janela dos olhos teus...
Tanta alegria, mas, lágrima contida,
Sem tristeza, mas lembrança dos olhos meus.
E o teu silencio te denuncia,
Apenas a existência de um olhar de caridade...
Pois o teu olhar cruelmente anuncia,
Que não mais, existe, olhares de saudade.