Na paisagem do teu corpo, repousa meu olhar,
E nos teus olhos, descanso meu sorriso,
E te olho incessantemente,
Como quem olha pelas veredas do mar,
Eu, teu pássaro de sobreaviso,
Sob o olhar do Sol incandescente. Na penumbra das minhas noites quentes, Minh’alma se faz fria, E por todos os poentes, Minha vontade queima ao Sol do meio dia. E aquele olhar indiferente, Perdido no vazio da imensidão, Descansa entre os ventos do continente, e pousa os beija-flores nos jardins do meu coração. Então vem a noite em vento brando, Remete-me ao espaço do meu próprio Eu... E ali, remeto-me às saudades de ti lembrando. Como se dentro de mim, quisesse tê-las, Meu olhar se perde sem lacrimejar, Como se querendo ao longe enxergar, O olhar de ti entre as estrelas. Foge-me então o senso do bem querer, Mas trago no caminhar uma estrada vazia, Sem horizontes aonde eu possa absolver, As vozes roucas da poesia. Já não canto mais para fazer ninar a saudade, No pesadelo trazido em seus reversos, Que sem melodia se perdem na ansiedade, De não mais pensar no que restou dos meus versos. Talvez em algum lugar lembre-te de mim,
mas nem te importes,
Porque mesmo longe de ti não fiz meu fim,
ainda, tenho do amor, meus passaportes. E assim, ao longe, Sentado às margens das minhas vontades, Em transe, como se um monge, Liberto minh’alma das mais loucas saudades. Miro-te o corpo sobre o ninho, Aonde tantas vezes morri de amor... aos gritos de tantos carinhos, Sugava o néctar de teu amor, o Eu beija-flor. Então, liberto-me das minhas amarras, Trazidas presas em correntes pelo caminho, Mas nunca me solto das tuas garras, Porque eternamente fui e serei,
Como assim, bem sei....
teu mais afoito passarinho.