...E quando olho para dentro de mim,
O Eu murmura numa exclamação,
Se ressalva num pensamento sem fim,
De ser e continuar sua peregrinação.
A semana pode ser santa,
Mas, minha alma não, enfim!
Impossivel pensar que alguém se espanta,
Com a externação de uma rotulagem assim.
É quando eu mais gosto da carne crua,
Que lateja e se encharca de desejos,
No corpo que treme com as vestes nua,
Onde o gosto do amor está nos beijos.
Sou como todo ser humano normal,
Mas, com minhas próprias carências,
Na busca do prazer posso até ser anormal,
Amar na simplicidade não é minhas querências.
E se insano assim o sou,
Me resguardo ao individualismo,
Nem a tudo que me acena eu vou,
Entre amar e amar há um abismo.
E a entrega é total,
O corpo queima nuam ardência letal,
Uivos de êxtases feito animal,
Envolvidos na ternura e em carinho humanal.
E que sigo um ritual de acasalamento,
Onde as flores e o vinho são cúmplices notórios,
E a loucura do amar a todo momento,
Fazem expelir fluidos da alma sem contraditórios.
E neste momento o amor e o desejo gritam,
A paixão lasciva se contorce em exagero,
Os labios rossam e os dentes cortam,
Fazem marcas profundas na carne no desespero.
É o meu melhor momento,
Onde deixo meu corpo humano,
E me entrego ás delicias do sentimento,
E me faço ardente, anjo e insano.
E quando isto acontece,
Sem nenhuma vulgaridade,
O corpo rejuvenesce,
Sem alterar a identidade.
Tudo então é passivo de se viver,
Quando estou coma mulher amada,
Invento, reivento, faço acontecer,
Mesmo querendo apagar as luzes e dormir na madrugada.
Nesta hora minha parceira tem que ser devassa,
Uma dama na sociedade,
No ninho caçador e caça,
Pares no amor e na cumplicidade.
Sou hetero de nascimento,
Louco por amor e por amar uma mulher,
Sem promiscuidade vivo cada momento,
Um amor de cada vez no prazer de amar que minha insanidade quer.
Em nada mais me espanto,
Pois quando amo, me agiganto,
No enlace dos corpos sob um manto,
Posso vir de outras vidas, mas, nesta, não sou santo.