A CHUVA E UMA INSANA SAUDADE
(Sócrates Di Lima)
Lá fora relâmpagos,
Trovões amedrontam,
Raios faiscantes em rasgos,
Cortam o céu noturno e passáros afugentam.
Olho pela janela a chuva intensa,
Que chegou fina com o vento,
Depois se avolumou e ficou densa
Inundando de saudade meu pensamento.
As chuvas trazem benções dos céus,
Limpa o ar que respiramos,
Descobre o tempo dos véus,
E derrama fria quando então choramos.
A chuva traz pesares,
Lembranças e alegrias,
Mas também traz tristeza aos pares,
Deixando triste a alma e em melancolias.
A chuva molha a face do Eu poeta,
banha o meu corpo e o purifica,
Sempre que chove aqui, na certa,
Esta alma purificada a alma fica.
Faz-me lembrar dos meus dias felizes,
Não que hoje eu esteja triste,
Mas, com a chuva as meus desejos são matrizes,
das saudades que meu peito nela insiste.
Então, sempre que a chuva chega,
Como em um ritual me preparo,
No pensamento o desejo se entrega,
E o coração acelera num longo disparo.
E por que não dizer,
Que a chuva faz lembrar meu ultimo amor!
Se com ela e a chuva fiz loucuras acontecer,
E quando a olhava, a via tão linda como uma orvalhada flor.
E assim, a chuva me abarca,
Me toma e me joga em um mar revolto,
Um mar em furia que me ataca,
Como um barco a deriva em maremoto.
Ah! Mas a chuva tem sua perenidade,
Quando apenas a olho pela janela,
Ai então é a hora da minha saudade,
Da louca vontade de estar com ela.
Chove...chove..chove...
E sua intensidade deixa minhas vista turva,
E tudo que a chuva traz me absorve,
E eu minha alma chove, como chove a chuva...
e lava a saudade....
do meu último amor.