São poesias sim, são sim,
Os escarros que expilo de minha vida,
O fel de minhas experiências,
Os desconexos vibratos de minha música
Contemporânea, sem ritmo, atonal, inodora,
Translúcida, sem completude, sem métrica..
Apenas soa, apenas propaga-se pelo ar...
São poesias sim, claro que são...
Não têm métrica nem estilo conhecido,
Nem querem ter.. nem conseguem ter..
Não são expressões de ignorância teórica..
São verdades disformes, como fezes que
Fedem no ambiente, mas que trazem em si
A verdade da existência, senão não seriam..
São poesias, sim, mas que chato, são sim...
Os relatos quebrados, incompletos,
Às vezes incompreensíveis aos lúcidos..
Mas, não escrevo para os teóricos...
Nem para os catedráticos...
A minha poesia abriga-se neste nome,
Porque, mesmo que sofredora, encontra
Nesta sombra, momentos de paz, de expressão...
São poesias, mesmo que não as aceitem,
Elas são evacuadas de minha mente
Sem que eu as force... simplesmente fluem,
Como aquele gás comprimido que precisa
Exaurir-se de seu ambiente...
As minhas poesias não são mais minhas,
Eram enquanto estavam em minha turbulenta mente...
Agora que fugiram, estão por aí,
De quem as chutarem por acaso
Por tropeçarem nela, em suas vidas escuras..
As minhas poesias também não são concretas..
Pois quem as cheira com cuidado, sabem
De onde vieram...
Lambuzem-se com as minhas poesias.
Misturem-nas às suas....
E vaguemos pelas ruelas sombrias da vida...
Que vida.