Hoje a velha sinhá cavou o meu coração, me desnudando,
Fez ressuscitar lembranças dos cheiros e do colo da minha mãe Bahia,
Os temperos e seus odores povoaram a minha imaginação,
Minha “baianidade” com suas cores, adornos encheu meu ser
Saudade da minha terra, do sabor da minha gente, oriunda da senzala, de pele morena, a abundância da melanina, Vinda de além mar, em navios negreiros; Salta aos olhos do coração o sorriso da minha sinhá estendendo os braços a me chamar.
Eu sou criança desmamada que teimo afastar do seio e do calor da minha mãe queimada de sol, da pele morena.
Apenas reclamo que estou em colo estranho, de gente estranha, Que estranhamente me trata.
Oh Bahia de são Salvador! Quero teu colo, tuas cores, teus aromas, tuas alegrias.
Cores tripartidas e amalgamadas no meu coração.
Seu pavilhão rubro anil e alvo neve
Acorrento minha dor por estar distante.
A velha do meu seio vai descansar.
Grito solitário, me ouça sinha!
Quero voltar para a minha terra
Tocar a minha gente sofrida
Que sabe o que é amar
Que valoriza o respeito
Que aprendeu o valor da honra
Minha gente, com a minha cultura
Com a minha alegria e vitalidade
O amor da minha gente se espalha pelo vento
Honrando seus valores e seus costumes
Espalhando vitalidade no seu bem querer,
Acolhendo a todos, sem levar em conta sobrenomes europeus posteriores.
Terra do “Silva, Pereira, Ferreira, Ribeiro, Moreira, Gonçalves, neves, Lourenço, dos Muniz ... Dos Pataxós, Machacalí e Yorubá”
Minha Bahia, mãe das gentes simples, da sabedoria e da alegria.