O AMOR DILACERA

Publicado por: Manuel Marques
Data: 10/06/2007
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Créditos

Voa e autoria: Manuel Marques
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O Amor Dilacera

Ao fim da tarde

Isolado

No meio do mundo

Mente dispersa

Nada para fazer

Pensamento fixo em algo perdido

Algo relacionado com o amor

Algo que parte a alma em bocados

E que não permite a sua reconstrução por completo.

Sozinho aqui

No mundo

Cheio de gente

Vazio na alma

Insustentável

Se durar muito mais tempo

Sorrisos amargos para a assistência

Assistência nula.

Trabalhar

Para quê?

Conforto posterior ao trabalho

Automatizado

Não há criatividade

Todos os dias é tudo igual

Por mais que se tente mudar o estado das coisas.

Sinto coisas estranhas por uma mulher

A raiz dos meus problemas é sempre esse

Uma mulher

Algo que me dá vagas de felicidade

Mas que quando amaina a tempestade

Me fecha numa prisão fria e desértica.

O amor consome-me a alma

Seja físico, seja espiritual

Ele existe

Para consolo dos que querem viver

Ele não existe

Como justificação para todos os males

Eu acredito no amor

Acredito que isso não é só para os outros

Acredito que um dia ficarei mais forte

Se ele for parte integrante

Do meu corpo

Da minha alma

Da minha vida.

O amor destrói-me o corpo

A sua falta deixa-me revoltado

Com vontade guerrear.

Não sinto amor por mim mesmo

Sinto-me útil

Mas não para mim mesmo

Tudo o que fiz, faço ou farei

Será para o bem estar dos outros

Mesmo que eu tente promover o meu bem estar.

O amor dá-me solidão

O amor pede-me concessão

Dádivas e promessas

E eu não posso dar nada disso

Porque o amor não é feito de imposições

O amor é um estado

É algo que se quer

Mesmo que inconscientemente

Seja-se frio ou quente

Simpático ou antipático

O amor é um adeus à nossa própria pessoa

É uma entrega imensa a outra pessoa

É um estado de alma

Do qual não se passa sem feridas profundas

O amor motiva-me a escrever

Acerca da ausência de amor na minha vida

Pelo menos aquele amor para além da amizade.

por aí sinto-me sempre partido

Sempre a bater na porta errada

A amar o que me é negado

Por causa de outro amor.

Sou triste

tenho motivos para o ser

Independentemente de estar como estou

Odeio totalmente a solidão

Apetece-me fazer amor

Mas tudo me mete nojo

Neste mundo de almas mortas...

23 de Julho de 1994.

Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 20/03/2007
Reeditado em 27/03/2007
Código do texto: T419865
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