Morte*
Teus rastros me encantam, reduzem a minha
maneira de discernir o óbvio que se apresenta
aos meus olhos, simplesmente por ser misteriosa
e contemporânea a qualquer um, limita-se então
o raciocínio humano, na tua presença, ao fatalismo
definitivo e a terrivel realidade de se estar diante
da eternidade indecifrável e irreversível.
Teu abraço ungido nos perfumes dos cântaros do infinito, é um pouco humano, um pouco divino, um tilintar fino de sinos prenunciando o silencio, e em um tom nem grave e nem ameno, pousa nas faces humanas imóveis, como a tomar para si a vida e a aprisioná-la numa cidadela até o final dos tempos...
O glamour de tua presença enfeitada de arabescos antigos, sempre cantará a nostalgia, e quantos levados pela tua poderosa mão cruzam as eras navegando em mares chamados saudade, num cinza descolorido,
como os crepúsculos, e os que acenaram na partida, imaginam a voz, o riso, o rosto de quem disse presente, na eucaristia ultima que oferestes antes da viagem para o infinito dos mundos...
Teus rastros me encantam, comove a vastidão de teu império, povoados de reis, rainhas, ídolos de todas as gerações, e seres de todo o universo...
És uma conquistadora a expandir teus dominios e a cada dia mais, oculta teus mitérios, resoluta, impõem seus desejos, transcendendo os tempos, faz eterna tuas legiões da qual todos faremos parte um dia,
porque se justa ou injusta é infinitamente sedutora a luz do teu inigmático olhar...!
Malgaxe