Quando o poeta escreve, sinto a respiração mais leve. E a saudade do que ainda não li se antecipa à próxima poesia.
Agora aquele verso é um trampolim de onde salto para alcançar as coisas que calei. Ele recria o que não disse em voz alta e parece adivinhar as entranhas da minha prosa muda.
Seu poema revela o meu segredo em verso exposto. Delata o que tentei deletar. Há nessa poesia uma espécie de segunda chance. Outra vida.
Em suas mãos a palavra é aquarela que tinge a inércia com as cores transgressoras. E esta liberdade, em verso, retira as algemas do meu silêncio, outra vez.
Quando o leio sou ainda mais livre. E impura como a felicidade possível.