Como uma criança a crescer desmedida, pelo dia encarcerado no frio nunca sentido nem percebido
e para quê se o triciclo desbrava pedras da calçada e nada havia que impedisse falar com um qualquer anjo a passar
Ah o desejo de parar de crescer, de nunca tomar o caminho da perdição, sem saber, sem querer ler
vi-te assim numa noite estrelada, de braços leves levantados ao céu,
quente, estava quente a noite e tu sorrias, linda, doce e encantadora
Mas houve essa necessidade de esquecer, de conformismo, de tédio e de culpa
para quê o sentido perene da justiça, quando havia que pisar fosse o que fosse?
Oh mas os dias quando se encostavam no cinzento-escuro, quase negro de dor
então pensávamos que aquelas lições de mentira e para podermos crescer em conformidade não podiam ser ideais de vida importantes
Onde já se viu crescer baseado na mentira, no ódio, na crença do preconceito
a esconder o melhor que havia dentro de nós?
Mas ainda assim se houvera crianças, ainda havia quem sorrisse, quem perdoasse
aqueles arrufos, aquelas loucuras acometidas pela gente de palmo e meio
mas toda essa loucura tinha os dias contados, um dia haveriam de ser necessário o sério
o contexto em que perderia toda a graça aquelas brincadeiras típicas das crianças
Então meu amigo, meu querido desejo de voltar atrás no tempo, às corridas imaginárias
às cadernetas de cromos da bola, às corridas de caricas com imagens de jogadores do futebol
As loucuras que fazíamos pela atenção da mais bonita da classe
o primeiro beijo na boca, andar de mãos dadas
Simples? Infantil? E agora o que temos?