[A ti, a quem uma folha de jornal basta...]
Observo teu caminhar, teus passos erráticos,
e tento perceber-me em cima dos meus pés;
a firmeza temerária que me falta, em ti sobra,
as avenidas, as ruas abertas são o teu abrigo.
Nelas experimentas o medo em segurança;
e sorris para lua, para os cães, para mim...
Convida-me a andar em tua ilusão, convida-me!
Quem sabe, minha bela, a tua loucura me salve de mim?
Não desistas de repartir teu mundo comigo;
Por me privarias de tuas abissais regiões de ser?
Que eu possa compreender-te, saber de tuas razões,
nada disso te importa, pois tu apenas vives...
[Acaso não tens pena de mim?]
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[Penas do Desterro, 29 de novembro de 2006]