Certa manhã ia eu pelo caminho, quando, gritei:
— Vendo-me!
As casas estavam fechadas ao sol do meio dia, e eu vagueava pelo beco tortuoso , quando um velho hesitou um momento, e disse:
— Posso comprar-te.
Uma a uma contou as suas moedas. Mas eu voltei-lhe as costas e fui-me embora.
Anoitecia ...Um gentil rapaz apareceu diante de mim, e disse:
— Compro-te com o meu sorriso.
Mas o sorriso empalideceu e apagou-se nas suas lágrimas.
E regressou outra vez à sombra, sozinha.
Eu rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir, humildemente...mas ninguém me ouvia
E a minha voz crescia de emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrada,
ver a vastidão que finge de infinito
(Como se o infinito se pudesse ver!) —
O sol faiscava na areia e as ondas do mar
quebravam-se caprichosamente.
Um menino estava sentado na praia
a brincar com as conchas.
Levantou a cabeça
e, como se me conhecesse, disse:
— Posso comprar-te com nada.
E desde então sou livre,
e descobri o verdadeiro sentido de amar.