Carta de um Suicida

Por que eu grito e ninguém ouve a minha voz? Meu coração despedaçado corre a fim, mas so encontramos trevas. Agora ele caminha sozinho, independente, endividado com o júri da vida, clamando por admiracao, orando por elogios e implorando por um aliado.

Nem mesmo as cóleras e tríplices de guerra, nem mesmo Hiroshimas, quem dirá a cara amarrada.

Somente o desprezo.

Somente a solidão.

Pelo amor perdido bebo veneno fraco. Não me mata. Me deixa desorientado. Permaneço do mesmo jeito que sempre estive:nauseabundo, sem rumo.

Corto os pulsos para ver o sangue da rubra cor da camiseta daquele homem que me negou atenção.

Sou um fraco!

Coloco as mãos em brasa para sentir o calor dos melhores amigos que nunca tive.

Estou mais louco do que nunca!

Sem medo dos castigos e do cheiro de éter do purgatório, enlaço uma corda suja que divide a carne da alma.

Pego aquela cadeira preta da sala. A mesma cadeira que sentei, no derradeiro dia em que órfão me tornei.

Canto feliz pela prima vez, mas é somente enganação do meu próprio corpo que não responde os comandos da minha endoidecida cabeça.

Subo na cadeira para me sentir melhor, me sentir superior ao menos uma vez na vida. Vagarosamente escorrego.

Perco o nome. Perco a história. Viajo para nunca mais voltar.

Minh'alma agora clama por perdão.

Usar a borracha no destino de Deus. Livrar-se de si mesmo.

Sou apenas uma lembranca.