Confissão “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!” Perdoa-me, porque pequei! Mas, ao longo da vida, foram as mulheres que deram ensejo a que eu pecasse. Sim, eu pequei! Meu erro foi ter sido modesto demais quando tive chances de realmente pecar. Impossível deixar o amor e o prazer vagando como cavalos selvagens e, ao mesmo tempo, ser ético. O escrúpulo me restringiu, por isso pequei pouco e esse foi meu pior pecado. Mantive meus impulsos e instintos por demais domesticados. Mulheres! Foram muitas; foram tantas! Quantas foram ao certo não sei bem. Já faz tempo que perdi a conta. Houve jovens e maduras, houve belas e exóticas, houve castas e perdidas. Por mim passaram as pudicas e as ousadas; as carolas e as agnósticas; as que sabiam de tudo, as que faziam de tudo para fazer de conta que nada sabiam, as patéticas candidatas a sábias e as pretensas sabidas. As irremediavelmente néscias, as indisfarçavelmente obtusas e as bizarras em demasia sempre descartei; de excêntrico e tosco em minha vida já basta eu. Sabe Deus quantos amores eternos jurei entre lençóis, enquanto os assistia nascendo fadados à morte e, enquanto vivos, encaminhando-se inevitavelmente para o fim. Ah! Quantas paixões me assolaram e quantas ousei cometer contra umas e outras. Sonhos, desilusões, conquistas, abandonos e traições... De tudo isso um pouco conheci. Se o sucesso é fruto de tentativa e erro, não posso dizer que me omiti. Tentei de tudo, com quase todas; quando acertei foi por prazer e quando errei o fiz com gosto. Muita tentativa e muito erro. Será que isso há de fazer de minha trajetória afetiva uma história de sucesso? Porém, sei bem porque nesse turbilhão de paixões, prazeres e dissabores nenhum amor se consolidou em definitivo. Isso deu-se porque todas elas padeceram de um mesmíssimo e irremediável defeito. Afinal, nenhuma delas era tu! Portanto, agora busco remir o quanto pequei e mesmo sem chance de absolvição te advirto para que tu não venhas a pecar também. Não te deixes consumir pela intriga, não te sujeites às manipulações de ninguém e não desistas jamais de defender quem tu és. Porque, se não preservares quem és, também tu hás de padecer do mesmo defeito das demais. E esse pecado, para meu coração que um dia já quis se apaixonar, é algo imperdoável.