Chamamento da mulher amada
Ao longo da vida foram vários os nomes pelos quais chamei a mulher amada.
Houve Inocência, que foi pura, mas que inevitavelmente tornou-se desinteressante. Ao contrário dela, surgiu Afrodite, que nada negava, mas nunca foi de um só. Glória prometeu-me recompensas, mas foi apenas passageira. Vitória soube me seduzir, mas não trouxe alegria por mais do que um breve momento. Dalila instalou-se, traiu-me e roubou-me o vigor. Soledade jamais soube o que era a vida a dois.
Fugi sempre das Amélias! Por muito tempo murmurei baixinho: Esperança, Esperança, Esperança... Apresentou-se uma Expedita, outra anunciou-se como Aurora e também houve quem jurasse, em vão, ser Vera. Porém, nenhuma delas foi Plácida ou Serena.
Por fim, alguém me conquistou. Bem poderia chamá-la de Benvinda, mas dessa eu nem digo o nome para não despertar demais a atenção. Chamo-a carinhosamente de meu amor. Isso mais do que me basta!