Há coisas que não sabemos explicar... A maioria delas é vista com o olhar do encanto... Ou desencanto.
Uma fina camada da imagem... Sabe-se que é retrucagem... Mas, ignora-se... Falso retrato... Apenas um espetáculo.
O ator, em fina flor, faz do dito a criação... E vira pulmão.
O existir do poeta... A desvalia de uma vida.
E o teatro começa... Os atores sufocados pelas personagens que criaram... Eu apenas observo.
Sou do tamanho exato da minha intuição... Sou criatura... Sou mais uma criação.
Enrolo-me em meus cabelos... Aqueço a alma com as palavras que chegam... Depois, apago com giz... Aprendi que nada é tão verdadeiro...
Posso contar nos dedos o equilíbrio das coisas... Tudo é avesso.
Mas, o espetáculo continua... Nessa vida, minha e tua...
Os carretéis de mentiras deslavadas... O enrolar das mentes fracas... Das baratas...
E o cansaço chega... As cortinas vão-se, um dia... Eu apenas sou meia-dúzia de marias...
Já olhei o olhar mascarado... Já percebi os ditos entrelaçados... E o ator finge que tem o controle da situação...
Digo-te mais, leitor corajoso, o meu "não" é o fechar das cortinas... E a minha boca é apenas minha... Se, por ventura, encontrares-me perdida, lembre-se que olhei o dito... Colhi as flores... Sei cada sílaba de uma mentira...
Mas, em todo teatro há riso... Posso salientar esse recorte... Não fazer de tudo um precipício.
Deixo que as máscaras caiam... Deixo que sejam levadas pelas águas do tempo... E, por fim, esqueço.
O ritual do fogo faz da água um ser fervente... Apaga-se a chama latente... Fica o morno dito...
E do espetáculo saem os fantasmas... Somente eu giro...
Deixes que as palavras sejam verdadeiras faces... Não manipules o roteiro da vida... Porque todos os dias as cortinas se fecham mais um pouco... Restará o ator, a atriz e a solidão...
Eu apenas observo, agora...
10:05