BEIJO DE SOL

Era um dia de Inverno e o meu corpo estava frio de tristeza.
Puxei as pálpebras sobre a humidade das lágrimas, à míngua de cobertor, e expulsei um tremor breve do meu corpo exangue.
O sol viu e compadeceu-se. Seria compaixão ou paixão? Foi ternura, mais que tudo...
E num beijo longo, longo, meigo e intenso, doce e ardente, aqueceu-me os lábios, o rosto, a alma, e o meu corpo rendeu-se todo à energia do seu toque...
Lentamente, lânguidamente, abandonei-me em sedução... e um ligeiro rubor tingiu-me de vida.
Não sei quanto tempo durou esse instante. Sei que engravidei raiozinhos de sol que agora brincam nos meus olhos...