“Quem não deve não teme”
(Sabedoria Popular)
“Quando eu falava desses temporais, você não escutou”.
(Beto Guedes)
“Vamos agora quem é que vai agüentar”
(Raul Seixas).
Durante oito anos (lembrar disso é importante), como dois afoitos tiranos, o ex-governador do Pará, Almir Gabriel, e o ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, foram os principais responsáveis pelas balelas, pelo escarcéu, pelas mais lamentáveis seqüelas, na saúde pública da grande Belém e de todo o território paraense.
Almir criou um irrisório e circense conselho estadual de saúde biônico, divulgou porções de prosa fiadas e, comprovando seu “imperial” desmando, foi onerando a SESPA, com licitações mega faturadas, abusando de prevaricações descaradas. Com restrições - eis, afinal, outra de suas muitas afrontas ao eleitorado - ele teve suas “justificações” aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado.
Edmilson, apesar de ter inaugurado o Pronto Socorro do Guamá, deixou de lado, “a Deus dará”, as unidades municipais de saúde e o “Programa Família Saudável”, além de abandonar o viável projeto do Pronto-Socorro da Sacramenta, depois de abusar do dialeto da prosa bafenta, gabando-se de ser o “prefeito criança”, deixando o povo sem leito e sem esperança...
O ex-prefeito desta cidade e o supracitado ex-governador perderam a oportunidade de terem consertado o defeito da saúde do município e do estado, por abusarem do malefício caricato de (des)governarem, trocando desacato.
No governo do estado, depois de Almir, assumiu o ex-governador Jatene. Bem votado, ele construiu o Hospital Metropolitano. Porém, como todo “tucano”, terceirizou a citada instituição e, com tal engodo, quem “entrou pelo cano” foi a adoentada população. Todavia, Jatene, por ser ponderado, poderia corrigir o desencanto da situação, caso tivesse se candidatado à reeleição, desse um freio na megalomania de Almir, mandando-o para o “escanteio do poder”? Pois é... Poderia até ser que sim. Quem saberia dizer, enfim?
Após ter saído dos bastidores, onde sempre foi reconhecido como o “cerebral articulador” de outros governadores, Jatene governou com carismática serenidade, apesar de não ter conseguido se desvincular da antipática autoridade biônica de Almir, cuja ilegalidade praticada na criação do afamado conselho sem boa virtude, biônico e cínico, no porvir, ouviria o povo engajado dizer: “No Pará, a saúde está necessitada de um tônico vitamínico”.
Quando Jatene saiu, num ato solene, quem assumiu foi Ana Júlia Carepa. Com ela, além da “triste tropa petista” (a mesma que ontem criticou o que hoje faz na SESPA), veio a “elite pemedebista”, tentar governar o estado ingovernável, graças ao patamar do lamentável poder da barganha politiqueira de quem se assanha, ao falar e fazer asneira. Resultado: nas brigas pelos cargos, sobraram intrigas e faltaram embargos jurídicos necessários para o estado cumprir seus verdadeiros deveres comunitários.
Na prefeitura de Belém, para alongar o desdém da desgraça que tanto dura, o atual prefeito, Duciomar Costa, reeleito para o segundo mandato, ao carregar a bonita “taça da vitória”, evita dar resposta ao pleito judicial, não vem esclarecendo a história que se passa no “coração do hospital do povo”, e se irrita, ao alegar não ter graça (nisso ele tem toda a razão) pagar a conta alheia, com verba municipal, já que o governo do Pará não freia a demanda interiorana excepcional para Belém. Ora, se a repactuação descontrolada piora, tem deixado a população mais adoentada, e o governo do estado não toma uma atitude, por que a bancada do prefeito faz rebuliço e não quer a CPI da saúde instalada para dar um jeito nisso?
No poder legislativo do município ninguém vai ter o educativo benefício de esclarecer absolutamente nada, se prevalecer a insolente prosa interessada numa CPI política e/ou partidária, merecedora da crítica comunitária. O poder legislativo do estado não pode permanecer omisso, sabendo que o “Programa Presença Viva” da SESPA foi morto e enterrado no cortiço do (des)governo Carepa, o qual, afinal, tem andado torto, depois de ter criticado o “ex-remendado”.
Ao invés de atender o desamparado povo interiorano, como atendia o governo passado, o atual “governo cabano”, promove, no estado, o revés de deixar viaturas sem manutenções, funcionários sem remunerações antecipadas de diárias, com quitações atrasadas de plantões, e deve levar duras admoestações judiciárias, por consentir que servidores concursados venham a ser, como estão sendo, penalizados com remoções sem justificativas, ao se mostrarem indignados, por estarem vendo e repudiando ações nocivas de alguns coordenadores radicais, responsabilizados por um bando de dissabores estaduais.
As omissões de algumas hipócritas autoridades geram legalizações das rotas de arbitrariedades. Nem a propósito, vale a postura de um clamor: Belém não é depósito de nenhuma prefeitura do interior! Até quando os pronto-socorros, de Belém e do Guamá, continuarão pagando as contas que convém ao estado pagar? Trabalhadores, de cada pronto-socorro citado, estão a escutar a agitadora e insana fúria do esporro indevido, do povo revoltado, o qual deveria cobrar, da governadora Ana Júlia, um pronto-socorro estadual, a ser construído para cuidar do estorvo crônico agudizado.
Quem procura uma solução racional confia somente na pura investigação imparcial sobre a patologia existente na saúde de todo território do Pará. Quem não se ilude com falatório, quer a mudança que haverá de ocorrer, sem lambança, se quem não deve deixar de temer e permitir uma apuração, bem amparada na legislação, em prol da adoentada população desta terra pacífica e ordeira, a mais prejudicada pela guerra crítica politiqueira. Quem viu ser eleito um rude e medonho pesadelo, tem o direito de vir a ter a considerada boa virtude do sonho de ver aprovada, sem demora, para a saúde do Pará, a CPI municipal, além da CPI estadual, agora, já-já...
Paulo Marcelo Braga
Belém, 26/03/2009