Poesia, pra que te quero?
“No início era o verbo...” E os mortais crendo terem nascido à imagem e semelhança de seu Criador, Lhe arremedaram o dom da criação. “No início era o verso...”.
E a poesia é a matéria-prima com que a emoção erige universos fantásticos e afronta dogmas insondáveis. Ela é o tempero que torna mais fácil digerir tudo que não tenha explicação.
A poesia, a seu modo, também liberta; sendo ou não sendo verdade. Ao exprimi-la o poeta pega a própria alma nas mãos e pode apalpá-la, sentir-lhe a textura, vibrar-lhe as cores, sorver de seu gosto e transformá-la em perfume, que se espalha por aí, invadindo os suspiros de quem venha a conhecê-la.
É ela conforto e consolo. Que outro modo existe para ter sempre perto de si um colo de mãe, um apoio de pai, uma abraço de irmão, um sorriso de filho? Afora a permissividade poligâmica da poesia, que confere a qualquer pessoa o poder de ter e sentir quantos seres queridos um coração possa se apaixonar; seja aquele único e eterno, sejam aqueles tantos que povoam os infinitos desejos e angústias de amor.
A poesia é muito mais que amiga do poeta. Ela é a concubina com quem ele se deita e se deleita, até que ambos se tornem um proliferando vida em palavras.
Poesia, pra que te quero? Ora! Porque és o alimento daquela fome de viver que transcende qualquer outra. Sem ti não posso dizer: versejo, logo existo!