Fonte seca

Fonte seca

 

 

De repente, as palavras foram minguando, minguando... e, por fim, não mais vieram visitar-me.  A bem da verdade elas continuam ali mesmo, onde sempre as cultivei, na soleira do meu pensamento.  Mas, deixaram de entrar.  Ficaram de mal de mim.

Minhas idéias cansaram-se de si.  Passaram a se repetir e repetir e, por fim, deixaram de falar-se - sabe Deus por qual melindre. Afinal, idéias só proliferam quando dançam e só sabem dançar em cirandas.  Mas minhas idéias não mais dão-se as mãos.  Andam pra lá e pra cá, cada uma com seu cismar e recusam-se a darem-se umas com as outras, como antes.

 

Meus sentimentos, por sua vez, de tanto constrangerem-se contidos contra os mal-estares do coração, acabaram ficando inertes.  É!  Minhas emoções ficaram pacíficas, apesar de, até hoje, não terem sido apaziguadas e, por certo, longe estão de conhecer o que seja realmente a paz.  Só deixaram de reagir.  Talvez tenham, simplesmente, desistido de sentir em vão.

 

As palavras não me visitam mais.  Não há emoções em mim que as atraiam, tampouco idéias que as ponham confortáveis.

 

O silêncio mudou-se pra dentro de mim!