E BEIJO-TE AINDA ...
O quanto a gente esquece um amor?
o quanto dele guardamos?
já dizia o poeta...
"mas de tudo fica um pouco"...
Tempestade abrandada ,
beira do caminho,
vastidão sem sentido,
mas fogo na memória...
Vulcão apaziguado,
mas lava incandescente
em aparente recuo...
O quanto a gente esquece um amor
que não queremos esquecer?
que não conseguimos?
Se ele se extingue aos poucos,
subjugado pela solidão,
ainda assim faz profundas marcas,
tatuagens escaldantes...
Se do fogo extinto sempre restam brasas
escondidas sob frágeis cinzas,
de amores morrentes ainda a alma se enternece,
quando avivadas as lembranças...
Nestes outonos de minha vida,
qual temporona fruta florescida
em teimosias da natureza,
entrego-me à Vida, abraço o momento,
e beijo-te ainda, soprando essas cinzas,
e beijo-te ainda, queimando minha boca,
e beijo-te ainda, nas feridas que te causei...