Das prosas eu queria somente as poesias delas, porque são emoções na beira de razões. A vida não exige muitas explicações. Apenas que se faça valer à pena.
De todos os prantos eu queria apenas os risos escondidos por trás deles; aqueles que são felicidades despontando caudalosamente na verdade das doces ilusões. Porque os sonhos, em sua maioria, nascem espontaneamente.
Das madrugadas insones eu queria só as solidões das janelas trancadas para a rua, porque são necessárias e até inspiradoras, mas não essas que habitam meus silêncios, tantas vezes em gritos.
Lá fora chove, como que em canções deslizando num tobogã de serenidade pelos ares escuros da noite. E nas cordas da chuva, rodopiam brisas molhadas, todas nuas na amplidão do espaço. E na minha inquietude, espero o amanhecer, com a face encostada no travesseiro para ficar ouvindo esse bailado junto aos meus sentimentos.
Recorto versos das páginas da vida, tantas vezes lidas, mas que as saudades ainda insistem em folhear. E os pedaços que caem, sempre olham para trás, vendo a ausência que fica no interior das marcas que cada um deixa; exatamente as mesmas formas que levam, mesmo sendo considerados cacos.
E assim, das prosas eu queria somente as poesias delas.