Homem ao mar

Publicado por: Rosangela Aliberti
Data: 23/02/2008

Créditos

na voz da autora.

Homem ao mar

É impossível morrer de amor noite e dia?
[é, assim que o romantismo existe... e sobrevive
a fala dirige-se a ti: - Tu,
que és um dos seres mais ilógicos que conheci...
teu, te amo não está no querer sempre vivo.

Olho para o relógio e vejo um dos ponteiros caído
o luto imaginário na janela da sala do ossário
se farta ao levar flores até o túmulo
na segunda, buquê de frésias para o radio
na terça, bromélias para os dois ossos do úmero
na quarta ao externo, pétalas de gérberas
e na quinta, helicônias... para o cúbito
 
Procuro o soterramento geral de quase tudo
quero ver se das cinzas tu virarás Netuno
o único jeito será executar
uma cremação geral no meio do mundo...

Ando cansada de sentir o perfume das velas
lançar-te-ei gentilmente ao mar...
todas tuas Falanges e os teus metatarsos

Afinal, não serás mais um deus
ao se deparar com teus belos restos mortais...
a boiar... ou serás???

Rosangela_Aliberti
São Paulo, 22.II.08
Foto Juliana Louro

Rosangela Aliberti
Enviado por Rosangela Aliberti em 23/02/2008
Reeditado em 27/02/2008
Código do texto: T871557