O frêmito do último abraço
desperta a memória do sonho.
O murmúrio da luz do sol,
o surgir tímido do azul,
no infinito que me contempla,
o canto sussurrado dos pássaros,
anunciam a dolência da manhã.
A inquietude da tua falta,
o sobressalto da tua ausência,
abrem-me a porta da saudade.
Revivo a entrega,
como se tudo fosse
mais uma vez possível:
o aventurar de todos os sorrisos,
o meu amor revelado em teu olhar,
o desnudar das minhas vontades
desdobradas por tuas mãos.
Permanece na intimidade do meu olhar,
Todas as palavras e confissões
Pronunciadas em letras de desejo.
Ainda em meus lábios, a convicção do teu nome
Silenciado na cumplicidade da noite.
Em meus olhos, o sentido claro
Daquilo que jamais me dirás.
Nem sempre o que nos habita o peito
Cabe na linguagem das letras,
Tampouco se deixa enclausurar
Na definição de qualquer palavra.
O silêncio é muitas vezes um poema...
Fernanda Guimarães
www.fernandaguimaraes.com.br