A geada veste o campo
O pasto, a imensidão
A geada só não gela
As coisas do coração.
No correr da noite estrelada
Que se esvai nos cueiros do dia
Vem à luz a andeja manhã
E mais um frio se anuncia.
Algum peão tropeiro
Destes que tangem boiadas
Se abriga no calor do fogo
A sonhar com a amada.
O dia desce certeiro
O coração não descansa
É fogo que atiça o braseiro
No sopro da alvorada.
Segue o peão tropeiro
Vai – despacito – na estrada
No peito leva a saudade
E uma flor colhida na estrada
Nos olhos carrega a geada
No coração, a amada.