A poesia veio e me olhou
Com um olhar de acalanto e dor
Estagnada em minha frente
Feito uma paisagem inerte
Tão bela quanto se pode ser
Aquela imagem me enfeitiçou
Com seu olhar dolente
Me mostrou o que é a dor
Uma dor tão atraente
Que não pude resistir
Então convidei-a a entrar
E ela entrou
E revirou todas as minhas crenças e preceitos
E de repente, tudo ao meu redor tinha mudado
Foi então que eu pude ver
As cores coloridas, como dizia a música
Que também é poesia
E a dor da poesia, que se faz perene
Até hoje dói
E me constrói paredes enfeitadas
Com quadros e histórias
Que se renovam e tornam a doer
E essa dor, a poesia
É o que me alimenta, me mantém
Então, dentre tudo o que mais dói
De todas dores que habitam o meu ser
A dor que mais gosto de sentir
É a dor da poesia.
No texto, onde eu falo "cores coloridas", estou fazendo uma referência à música "Lábios Inflamáveis" de uma excelente banda conterrânea chamada "Casa da Mata".