Caminhando lento
Meio na água, meio na areia
Quase que sem rumo
Talvez em desalento...
Gotículas tímidas da arrebentação
Salpicam agora minha face
E o sol de final de tarde ainda encontra forças
Para aquecer minha pele morena.
Uma brisa fresca me assalta
E um leve arrepio me arrebata.
Solto um assovio tímido, inseguro
Passo a mão na testa, depois no rosto
Somente para sentir que faço parte do cenário!
Estou em sintonia com essa linda natureza
Não há distinção entre minha mente, minha consciência
E esse cenário todo...tudo parece perfeito, integrado!
Estou em comunhão com o Todo!
Mas a dor da saudade ainda sacrifica meu ser
Assim como um sabre pontiagudo que rasga, fere
E picota meu peito.
E minha mente por conseguinte, padece...
A noite cai agora de mansinho
E estrelas começam a salpicar no céu
Que em seu lindo manto negro começam a brotar felizes
E a Rainha Lua, mostrando todo seu esplendor, sorri!
É a Mãe Natureza me consolando!
Pois existe ainda o sentimento confuso
De uma mente em turbilhão.
Ah, o amor...
Simples como o Universo inteiro!
E complexo como uma lágrima delicada!
Firmo agora meu olhar num ponto distante
Lá longe... onde o sol se pôs.
E solitário
Ali sentado na areia
Fico refletindo
Analisando
A vastidão
Da imensidão
Do horizonte
Até a minha pessoa.
Pois dela só restou
O oco sentimento da perda
E a impossibilidade de se chegar
A algum lugar...